Maria, a peregrina da fé

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Quem foi Maria? Que Maria nos revele quem é ela, através da Palavra de Deus. Antes que Jesus fosse Caminho, ela mostrou o caminho. Maria não aparece muito nos textos bíblicos. Ela não nos fala nada sobre sua vida de oração. Reina um profundo silêncio. Entre todas as testemunhas do nascimento de Jesus (São José, Herodes , a família, os pastores e os amigos), Maria é a única testemunha que permaneceu junto de Jesus e que viveu  o caminho pascal. Maria é a peregrina da fé.
Nossa Senhora penetrou na profundidade do mistério do seu filho não pela imensidade das reflexões pessoais ou pela multiplicação de palavras, mas por uma constante “saída de si mesma” vivida na fé: “Feliz porque acreditaste: cumpra-se em Ti o que foi dito”. Maria contempla assombrada as obras de Deus. Ela acreditou que estas se realizariam mesmo no impossível.
A contemplação de Maria é este silêncio que envolve sua vida tecida de dias vulgares, próprios de qualquer mulher que vive em um ligar pequeno de uma terra pobre, bastante à margem de grandes povoados e das estradas da grande história. Neste silêncio, ela acolhe a Palavra gerada pelo Pai que o Espírito lhe repete. 
Maria conheceu a procura angustiada do Filho perdido. Não compreendeu muita coisa, porém, Maria acolhia tudo no silêncio do seu coração, sobretudo quando permaneceu silenciosa aos pés da cruz de seu filho e Senhor. Maria estará presente no meio da primitiva  Comunidade que aguardava a vinda do Espírito Santo. Toda esta trajetória de Nossa Senhora está imersa no silêncio de sua oração contemplativa sobre a ação de Deus fundamentada na fé.
Como rezava a Santíssima Virgem? Como todas as mulheres de seu povo, sentava-se na Sinagoga na parte reservada às mulheres onde recitava e escutava salmos. Como nós, ela também orava com palavras que não compusera, mas as interiorizava no Espírito, apropriando-se delas, procurava vivência-las  e saboreá-las no silêncio do seu coração. Orar com Maria e como Maria orou é deixar-se cativar pela Palavra de Deus para nos converter também a nós em salmistas. “A palavra de Cristo habite entre vós abundantemente… cantando a Deus no vosso coração, e em ação de graças salmos, hinos e cânticos espirituais inspirados no Espírito” (Cl 3,16).
Como Filho da Virgem Maria, Jesus orou com sua Mãe; junto dela aprendeu as orações do seu povo. Há vestígios disso nos Evangelhos. “Depois de terem cantando os salmos saíram para ir…” (ver Mc 14,26).
Na cruz, o Senhor exprime seu grito de abandono através de um salmo. Aos pés da cruz, Maria compreendeu o mistério espantoso que encerravam aquelas apalavras do Filho: “Devo ocupar-me das coisas de meu Pai”.
Aos pés da cruz, ela é a mulher forte, intrépida que dá vida ao novo povo dos que acreditavam. Maria viveu como orou: sua oração dos Salmos consistia em prestar atenção, em escutar e acolher no seu coração a Palavra de Deus e depois poder vivenciá-las.
Mãe de Deus, peregrina da fé e do silêncio, tu que, com os apóstolos, rezaste para receber o Espírito Santo, concede-nos descobrir o silêncio  que se abre aos dons de Cristo vivo, pata testemunhar sua nova forma de presença.
Ir. Tereza Cristina Potrick, ISJ
Revista Mensageiro do Coração de Jesus – outubro de 2013

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Projeto Antonia – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.   

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