Natividade de João Batista

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Celebrar João, ainda menino, é uma dessas coisas que não se explica, apenas se vive com coração cheio de devoção.
O mastro, alto e imponente, marcava sempre o centro da quermesse na pequena cidade do interior. Três lados, o apóstolo Pedro, barbas brancas e olhar mais sisudo; Antônio, o santo português com seus lírios brancos e no terceiro quadrante, um menininho de cabelos encaracolados, com um cordeirinho nas mãos – João Batista! Eu achava estranho aquela representação, afinal na Bíblia Sagrada, João aparece somente idoso, já como eremita pregador do deserto, comendo gafanhotos e mel silvestre. Demorou muito para que eu compreendesse, que na história de nossa salvação, muita coisa está ligada a tradição, e celebrar João, ainda menino, é uma dessas coisas que não se explica, apenas se vive com coração cheio de devoção. 
João menino, de cabelos em caracol, é uma inspiração que ilustra as palavras do canto de Zacarias, chamado “Benedictus”, já que este hino profético começa com essas palavras – “Bendito seja o Senhor Deus de Israel”. Nesse texto bíblico, Zacarias, pai de João, o chama de menino, aquele que será profeta do Altíssimo, será o precursor dos caminhos de Jesus. A palavra “menino”, nesse caso, acabou sendo motivo para que João também recebesse, da iconografia católica, um rostinho juvenil. E o cordeirinho? Oras, o cordeiro é o símbolo do Filho de Deus, aquele que se apresentou como oferta de amor para tirar os pecados do mundo. Foi João Batista quem indicou Jesus o chamando de Cordeiro (Jo 1,29). 
E onde entra a Natividade (nascimento) de João Batista nessa história? Porque comemorar a data do 24 de junho? Dentre todos os santos da Igreja, somente João tem a honra e distinção de ter seu natalício celebrado – exatamente seis meses antes do nascimento de Jesus, de acordo com a tradição bíblica. Assim, se Jesus nasceu na noite de 24 de dezembro (segundo a tradição), voltamos seis meses e estaremos aqui, em junho, recordando o aniversário de João Batista. Essa honra João a recebeu por causa de sua relevância bíblica, e de sua presença intensa na história da salvação – lembremos que foi o profeta João quem batizou Jesus nas águas do Rio Jordão. Não temos como falar de Jesus sem passar, em algumas páginas, pela vida de João Batista! 
Para os mais curiosos, uma informação de ordem astronômica: você já ouviu falar que a noite de São João é a mais longa do ano? Isso é mesmo verdade, pois próximo desse dia celebramos o solstício de verão, ou seja, o sol está na posição mais distante da linha do equador; o contrário acontece no solstício de inverno, que ocorre próximo ao dia 25 de dezembro, e marca o dia mais longo do ano. (isso considerando o hemisfério norte da Terra, de onde vem nossas tradições cristãs). 
Simbolicamente funciona assim: João é a passagem da noite do pecado, que marcou a humanidade, para o nascimento do Sol da Justiça, Jesus Cristo, que nasceu com a luminosidade absoluta a vida nova para todos nós. 
O mais importante: celebrar o aniversário de São João, com muita oração, alegria, festa e, se fizer um friozinho bom, vale um quentão e um delicioso bolo de milho para acompanhar!
Pe. Evaldo César de Souza, C.Ss.R. 
Fonte: A12.com

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As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Projeto Antonia – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.   

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