Vida e Missão de Madre Antonia – A missão crescia e o preconceito também

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A informação da fundação do trabalho com as mulheres não agradou o ambiente da rainha Governadora. Seus melhores amigos, os irmãos Rubios, apresentaram doze inconvenientes para mostrar que a obra não convinha nem ao bispo nem a ela, “tendo chocado não pouco” na casa de Maria Cristina. Um ano depois, o próprio Duque de Riánsares, marido de Maria Cristina, também deixou claro que não estavam de acordo: sua preparação, sua cultura, sua posição social, sua espiritualidade e sua elegância podiam “ser empregadas em coisas mais úteis à humanidade e à própria religião”. 
O simples contato com as prostitutas é uma mácula e sua mera recordação, origem de “maus pensamentos”. Para demonstrar-lhe isso, não vê inconveniente algum em interpretar a vida de Jesus de maneira cínica: “Jesus Cristo não converteu mais que uma (Madalena) e já sabemos o que lhe aconteceu. Que acontecerá à senhora que a tantas fala, não no parapeito do poço, mas quando estão dentro dele e é preciso estender-lhes a mão para expô-las à luz dos santos preceitos?… Jesus Cristo veio ao mundo para buscar e converter os pecadores, mas não para encerrar-se com eles; eles o mandava à piscina para que se purificassem e continuava a sua pregação.”
Ela não podia abandonar o empreendimento. Estava decidida a continuar ao lado da mulher marginalizada “em compromisso solidário para viver com ela a libertação”, e esse compromisso chegava até o limite, até a oblação. 
Antonia sofreu muito com a desconfiança dos amigos que fizera quando era preceptora da família Real. Como poderia fazê-los compreender que, embora difícil, sua opção em nada se parecia com o que lhe diziam? Só existia um caminho: demonstrar-lhes com sua vida que acolher as prostituídas não mancha; pelo contrário, prolonga na Igreja a solicitude amorosa do Bom Pastor, que não pronunciou uma única palavra contra a ovelha perdida, que a pôs sobre os ombros e voltou feliz com ela. Os amigos de verdade acreditaram nela.
Fonte: Antonia Maria da Misericórdia, oblação e serviço das mais pobres.
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Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Projeto Antonia – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.   

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