Despertar o mundo

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O papa Francisco, entre tantas coisas belas, sérias e provocantes que vem dizendo em seu pontificado, disse uma frase no encontro com os Superiores Gerais, em Roma, que quero refletir com você: “a vossa missão é despertar o mundo”. É nossa missão sermos despertadores dos que dormem para que saibam acolher Jesus, que deseja ser anunciado. Esta frase do papa chamou à minha memória coisas que quero partilhar com vocês. São três pontos.
Primeiro, o religioso e a religiosa são profetas solitários que devem gritar que o reino de Deus não está somente perto, mas chegou e é necessário estarmos sempre atentos para reconhecer o Cristo que nos visita. Como nos tempos da sua passagem na terra, muitos homens e mulheres esperavam que o messias viesse através de grandes sinais e, no entanto, Jesus estava escondido na sua humanidade de anunciador do bem, de cordeiro que “tira o pecado do mundo”; e passando fazia o bem a todos. Hoje ele continua a se esconder na vida dos mais pobres, dos que vivem a margem da história, dos que vivem na periferia existencial da humanidade. O lema dos que seguem a Cristo será sempre o único e o mesmo: “eu não vim para ser servido, mas para servir!”.
Segundo ponto, o religioso é chamado por Deus a seguir mais de perto Jesus, não apenas com radicalidade – o papa nos recorda que esta deve ser a disposição de todo cristão – o religioso deve segui-lo mais de perto, imitá-lo. Somos chamados a reproduzir a mesma vida de Cristo, a sua ternura, bondade, amor para os pecadores; somos chamados a uma missão que não se escolhe por vontade própria, mas sim, é dom que Deus nos dá.
Os religiosos anunciam o evangelho, como dizia Francisco de Assis “de vez em quando com a palavra, sempre com a vida”. É a vida de cada religioso que deve tornar-se um evangelho vivo que até os analfabetos, os ateus, sabem ler, porque veem no religioso o rosto luminoso do Cristo ressuscitado.
O terceiro e último ponto é recomeçar sempre. Ninguém pode dizer automaticamente que, fazendo os votos de pobreza, castidade e obediência já se tornou pobre, obediente e casto. Nada disso! É um caminho longo, difícil. É necessário recomeçar sempre a nossa caminhada de resposta a Jesus que nos chama. Ele nos consagra e nos “reconsagra” no seu amor. 
Vale a pena ler e meditar as palavras do papa para que nós, religiosos “não sejamos monstros que formam monstros, mas que formam o povo de Deus”, palavras duras mas verdadeiras. O remédio é amargo, mas quem sabe é o que nos cura.
Texto de: Patricio Sciadini – Religioso Carmelita Descalço e sacerdote.
Fonte Revista Rogate-março 2014
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As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Projeto Antonia – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.   

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