Páscoa é a ressurreição de Jesus Cristo, que venceu a morte. Páscoa é a passagem do povo de Israel do cativeiro no Egito para a liberdade. Livros e mais livros foram e ainda serão escritos sobre esta que é a principal celebração da cristandade. Entretanto, gostaria de refletir brevemente sobre a Páscoa como o grande sinal da misericórdia de Deus para com a humanidade. Um Deus que se manifesta como homem por intermédio de seu filho, Jesus Cristo, na unidade com o Espirito Santo.

A verdade é que a lógica de Cristo nos questiona! Vejamos, então, a relação de Jesus com Judas Iscariotes, retratada no capítulo 13 do evangelista João. Na última ceia, Jesus reconhece que chegou sua hora de passar deste mundo para o Pai. O evangelista afirma que “durante a ceia, o diabo já tinha posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, o projeto de trair Jesus” (v.2). No texto fica claro que Cristo sabe da traição e conhece o traidor. Mesmo assim, Jesus lava os pés dos apóstolos, inclusive os de Judas, e partilha sua última ceia com todos eles.
Por fim, “comovido!”, Jesus revela a traição, sem “crucificar” o traidor. Pelo contrário, o serve. “É aquele a quem vou dar o pedaço de pão que estou umedecendo no molho” (v. 26). E, mais à frente Jesus diz para Judas: “O que você pretende fazer, faça logo”. (v.27).

Infelizmente, Judas Iscariotes parece não ter entendido nada da proposta de Jesus. Preferiu dar sequencia a seu plano, que culminou com a crucificação. Entretanto, a morte de Jesus não foi uma derrota. Sua ressurreição tornou-se nossa Páscoa e a possibilidade de, reconhecendo os nossos erros e pedindo perdão, bem como perdoando ao próximo, sermos acolhidos por este Deus misericordioso.
Judas agiu como muitos de nós: não foi além da crucificação de Cristo. E, com isso, não contemplou a sua ressurreição.
Jefferson Silveira
Fonte: Revista Rogate, Seção Opinião 257 – Abril de 2007