Para uns a vida é Vertigem: correm acelerados e fazem da lufa-lufa o suspiro de viver. Para outros, a vida parece seguir monótona. Mas que monotonia? Não será devido, certamente não, à falta de distrações e estímulos. São tantos os canais de TV e os programas; telefones à disposição, o rádio ligado, a geladeira e suas guloseimas, os sucos e os comprimidos ou estimulantes ou anestésicos.
Excesso de solicitação! Cartazes e cores. Vitrines. Revisitas de fofocas. Histórias de chiques e famosos. Livrinhos e revistinhas de autoajuda. Objetos esotéricos e religiosos. Velas e incensos. Receitas para tudo. Tudo é analisado, contado, mostrado. E não esquecendo o corpo: as malhações as caminhadas. Ginástica e cosméticos. Tudo se vende, tudo se compra. Mistério não há. A vida está exposta em pedaços. E, no entanto, entre Vertigem e Monotonia vai a vida sendo consumida na abundância e desperdício de um universo de chamadas à exteriorização, à exterioridade. Somos chamados para fora. Para o brilho. Para o exterior.
A Espiritualidade, nos chama das coisas ao Mistério da Vida: sentido, símbolos, finalidades. Chamados ao mistério profundo de nosso ser e ao encontro com Deus, na reconciliação harmonizadora de cada um ser sentir Amado, querido e provocado a evoluir, crescer… e se converter. Vivendo na dinâmica do provisório, em favor das realidades que permanecem porque nos humanizam e nos evangelizam.
Somente Deus é o Senhor. Tudo mais passa: criaturas não. Somos criaturas. Não estamos sob o cetro de divindades cósmicas decidindo nosso destino. Nem saciamos nossos desejos de felicidade, apenas consumido. Quem vive a Espiritualidade Redentorista afirma a sua liberdade de escolher, saber amar e servir aos irmãos e socorrer os abandonados. E vivemos a Espiritualidade quando sabemos impor um ritmo divino ao nosso viver humanizador.
Dalton, C. Ss. R.
Fonte: Revista Akikolá