O filme O Máskara, divertido e rico em efeitos especiais, conta a história de um rapaz desajeitado, Stanley, para quem, tudo parece dar errado, até encontrar por acaso uma máscara com poderes mágicos, que o transforma em super-herói. No decorrer da trama, ele percebe que tudo o que ele precisa está dentro dele mesmo, tanto que no final a máscara é descartada, porque ele já descobriu a autoconfiança…
Afinal, o que é a autoconfiança? essa chave mágica que parece abrir portas, transformar sapos em príncipes e gatas borralheiras em princesas? Será que é algo possível de se desenvolver? O que determina que alguns acreditem mais em si mesmos do que outros, e com isso consigam maiores conquistas?
O tipo de educação que tivemos pode favorecer ou não a nossa autoestima e a nossa autoconfiança. Pessoas que tiveram pais super protetores podem ter mais dificuldade em confiar em si mesmas, tendendo a esperar que a segurança venha de fora e não delas mesmas. Por outro lado, os que tiveram pais muito exigentes e críticos tendem a achar que nunca são bons o bastante, desvalorizando-se e exigindo demais de si próprios.
Então, o primeiro passo para se adquirir autoconfiança é ter consciência das influências recebidas e procurar o autoconhecimento. Para isso, podemos buscar ajuda em leituras, cursos, terapia e, principalmente, em nós mesmos. É muito importante conhecermos os nossos pontos fortes e os nossos pontos fracos. Alguns são ótimos em esporte e não levam jeito para música; outros não gostam de matemática, mas escrevem ou desenham muito bem. Cada um de nós tem suas características e competências individuais. O importante é se conhecer e se aceitar, saber em que área a nossa atuação é melhor e onde precisamos investir mais. Mais sempre com a certeza de que ninguém é perfeito.
Buscar a maturidade
Há pesquisas que dizem que entrar muito nas redes sociais acaba deprimindo as pessoas. No Facebook geralmente só se colocam coisas positivas. Mas será que todo mundo é sempre bonito, feliz, cercado de amigos e viaja para lugares paradisíacos o tempo todo?
Se formos realistas, veremos que todas as pessoas têm suas inseguranças. Somos fortes em alguns momentos e frágeis em outros. Pessoas que aparentam excesso de autoconfiança podem estar tentando compensar sentimentos de insegurança, mascarando isso com uma postura arrogante. Não precisamos fugir dos sentimentos negativos. Também devemos abandonar a ideia de que temos que ter controle sobre tudo, e estabelecer a diferença entre as coisas que podemos e as que não podemos controlar.
À medida que nos tornamos mais conscientes de nós mesmos, e passamos a nos aceitar melhor, também nos tornamos mais capazes de perceber o outro e de aceitá-lo. Desenvolver nosso potencial também ajuda a aumentar a autoconfiança. Todos nós temos capacidades latentes inexploradas e é muito bom quando nos descobrimos capazes de fazer coisas novas, de sermos criativos.
A criatividade é um aspecto extremamente importante em nossas vidas. Pessoas criativas acham melhores soluções para as situações de vida e geralmente são mais saudáveis emocionalmente.
Ousar fazer coisas novas pode ser muito bom para a nossa autoconfiança. Vale entrar para um grupo de teatro, aprender dança, música, pintura, engajar-se num trabalho voluntário, criar um animalzinho, fazer uma horta… Tudo isso nos coloca em contato com aspectos extremamente importantes para o nosso crescimento pessoal.
É preciso considerar também que todas as pessoas têm papéis em que se sentem mais seguras do que em outros. É o caso, por exemplo, do rapaz que se sente inteligente e capaz no papel de estudante, mas é tímido nos relacionamentos afetivos. De modo geral, a adolescência e o inicio da idade adulta são fases especialmente vulneráveis em que ficamos inseguros nas nossas escolhas afetivas e profissionais. Queremos ser aceitos, não entendemos direito nossas reações e sentimentos… E tudo isso é normal. Embora a autoconfiança seja uma meta a ser atingida, ela é algo que vamos adquirindo no decorrer da vida, como uma conquista da maturidade.
Maria Regina Corrêa Lopes Vanin,
psicóloga clínica, especialista em Psicodrama, Terapia Sistêmica de casais e famílias,
e Psicossomática; coordena o Instituto Bauruense de Psicodrama (IBAP), Bauru, SP.
Fonte: Revista Mundo Jovem – Março 2014