Não sei, amigo leitor ou leitora, se cumpri minha missão sobre a grandeza do Pai-Nosso… Quanto mais o saboreamos, mas vontade sentimos de rezá-lo de novo e de vivê-lo a toda hora. Se esse for o seu sentimento atual, então valeu a pena!
Um grande comentarista do Pai-Nosso conclui seu livro com estas palavras: “Quanto mais nos abrimos à mensagem da vinda do Reino, contida nas palavras do Senhor, tanto mais profundamente poderemos rezar a sua oração. Queríamos entrar na escola de vida. Estivemos sentados a seus pés e escutamos seus discursos. Teremos de escutar cada vez mais profundamente no seu espírito, consequentemente, aprender a rezar melhor no seu espírito” (H. Schurmann).
Outro autor escreve: “No Pai-Nosso pedimos ao Senhor tudo aquilo que devemos fazer para viver espiritualmente. Temos, portanto, na oração o Senhor um tratado completo de vida espiritual, sistematizado pelo próprio Senhor. Jamais poderíamos aprofundá-lo suficientemente (M. Ledrus).
Estou convicto de que devemos incentivar mais nas comunidades retiros que poderíamos chamar de “catequéticos”, que são uma preciosa contribuição para a formação dos leigos. Para cultivar uma maior vitalidade na vivência cristã é urgente aprofundarmo-nos no material simples e central da tradição cristã, tentando descobrir a riqueza espiritual e doutrinal da nossa fé. Se treinarmos na leitura entre “dois livros” (Bíblia e realidade) descobriremos a ligação entre fé e vida cotidiana.
Sem “experiência de fé” movemo-nos entre rochas mortas. Faz-se necessária uma educação espiritual que tem sido descuidada na Igreja. Uma espiritualidade significativa para os leigos deve estar enraizada na palavra de Deus, encarnada na vida do mundo e partilhada comunitariamente . A vida espiritual exige atenção aos impulsos do Espírito Santo e lucidez para ” separa” o trigo do joio. Sem esquecer a necessidade de vigilância na luta espiritual, o que realmente empolga na vida cristã é a experiência do amor do Abba revelado em Jesus Cristo.
A pedagogia do Pai-Nosso nos ajuda a passar de uma fidelidade extrínseca e moralista a uma obediência filial e amorosa; do dever submisso a uma norma objetiva a uma resposta livre ao Espírito que nos acompanha e impulsiona. Esse progresso só se realiza quando a vontade de Deus é acolhida como um “dom”. Sem essa obediência ao Espírito, a vida cristã parece com a vida de mercenários a serviço de Deus.
Saboreando o Pai-Nosso, cresce em nós a vontade de partilhar esse grande presente. Convidar mais e mais gente, até reunir à Mesa do Reino a humanidade toda para um dia rezarmos jubilosos: Abba, pai-nosso querido!
Fonte: Revista Mensageiro do Coração de Jesus.