Seria inatingível, imaginável por nós. Sabemos que existe porque Ele se revelou: tirou o véu que escondia seu mistério divino. Fez isso mediante a natureza, a ciência, a história e por sua Palavra. Ela é a revelação do Verbo, o Deus-humanado. Só falamos com Ele e Dele conforme as categorias antropológicas humanas. O humano vem do “húmus” (terra) e eleva-se ao divino consciente de ser criatura feita à sua imagem e semelhança (Gn 1,27). Vivemos no tempo. O tempo é físico, cronológico, histórico e é momento pessoal ou chance de fazer escolhas. Sendo um prazo de tempo, a vida não se identifica com ele. Passa por ele. Viver só para o mundo é esvaziar o próprio sentido do tempo. Transcendente, Deus quis fazer história conosco ao nos criar e nos redimir do pecado em Cristo. As primeiras palavras de Jesus em Marcos anunciam o tempo de Deus: “Completou-se o tempo. O Reino de Deus está próximo de vós” (Mc 1,15). Inaugurava-se o tempo messiânico a chance de salvação.

A cultura ocidental saturada por bytes e pelo marketing do consumismo exacerbado tem pressa em tudo. Entretanto, nem invento tecnológico nem pressão da mídia podem alterar a ordem do tempo e o ritmo da natureza. A fé bíblica ilumina o provérbio: tudo tem seu tempo! Abraão caminhava disposto a sacrificar a vida do filho Isaac em obediência a Deus. O rapaz de nada sabia e perguntou: pai, temos a lenha e o fogo, onde está o cordeiro para o sacrifício? Abraão respondeu: Deus o providenciará, meu filho! (Gn 22,8).
Maria, primeira herdeira da promessa, esperou Jesus (o verdadeiro Isaac) na gravidez. Enquanto Ele crescia, ela meditava em seu coração esperando o tempo de Deus!
Pe. Antonio Clayton Sant’Ana, C.Ss.R
Fonte: Revista de Aparecida – Abril 2016