Falar de família, de sua vocação e missão é trazer o tema do cuidado com os idosos como um dos assuntos principais, afinal, somos chamados a resgatar sua dignidade e seu valor no seio familiar. Quantos e quantas não são esquecidos, deixados à margem até mesmo por serem considerados um “estorvo”? Não são de forma alguma! Uma das missões mais sublimes que temos é valorizá-los integralmente, garantir seus direitos e respeitá-los acima de tudo.
Nos acontecimentos da História da Salvação, há alguns sinais de que o idoso faz parte da construção do projeto de Deus para seu povo: “O acontecimento da apresentação no templo (cf. Lc 2,41-50) coloca-nos diante do encontro das gerações: as crianças e os anciãos. A criança que surge para a vida, assumindo e cumprindo a Lei, e os anciãos, que a festejam com alegria do Espírito Santo. Crianças e anciãos constroem o futuro dos povos. As crianças porque levarão adiante a história, os anciãos porque transmitem a experiência e a sabedoria de suas vidas” (DAp nº 477).
Muitos aspectos devem ser considerados quando tratamos do tema da família, ou, do contrário, correremos o risco de deixar de lado assuntos de extrema importância. Para o idoso, não é fácil lidar com a solidão e as fragilidades diante de tantas situações diárias. É um grande mal, para aqueles que seguem a Cristo e seus ensinamentos, que a pessoa idosa seja descartada, abandonada aos cuidados ou “descuidados” de terceiros, ou da própria sociedade. É preciso levar em conta toda a vivência e dedicação que cada um teve durante a caminhada. “Muito“ de nossos idosos gastaram a vida pelo bem de sua família e da comunidade, a partir de seu lugar e vocação. Muitos, por seu testemunho e obras, são verdadeiros discípulos missionários de Jesus. Merecem ser reconhecidos como filhos e filhas de Deus, chamados a compartilhar a plenitude do amor e a serem queridos em particular pela cruz de suas doenças, da capacidade diminuída ou da solidão. A família não deve olhar só as dificuldades que traz a convivência com eles ou o ter que atende-los. A sociedade não pode considera-los como peso ou carga. É lamentável que em alguns países não haja políticas sociais que se ocupem suficientemente dos idosos já aposentados, pensionistas, enfermos ou abandonados. Portanto, exortamos a criação de políticas sociais justas e solidárias, que atendam a estas necessidades” (DAp Nº449).
Não se pode deixar de lado o que a igreja vem fazendo nesse sentido, através de documentos, campanhas e pastorais, especialmente a Pastoral da Pessoa idosa que, a partir de um trabalho bem, a partir de um trabalho bem direcionado e consistente, busca a promoção humana e espiritual, a valorização da pessoa idosa, o resgate da dignidade, e a luta pelos direitos dos idosos. Somos chamados a participar, a oferecer nossa ajuda, a sermos voluntários para que o trabalho cresça e se torne cada vez mais sólido.
Que a Igreja, família doméstica, a partir da reflexão no Sínodo dos Bispos sobre a família, assuma de fato a sua verdadeira missão e vocação, sabendo lutar pela autêntica acolhida às pessoas idosas. Dessa forma, diante da pergunta: “E o idoso, como vai?”, possamos responder: “Vai bem, muito bem, com a graça de Deus e sendo cuidado pelos irmãos e irmãs!”.
Texto com adaptações.
Pe. Geraldo Tadeu Furtado, RCJ – Daniel Leão
Diretor da Rogate e Assistente de Redação, respectivamente.
Fonte: Revista Rogate.