Não vive a vida quem não aprende lidar com os próprios limites e erros e com limites e erros dos outros. Aprender as lições de vida significa também lidar com frustrações e desencantos.
Não valoriza o viver esperançoso e alegre que não elabora suas perdas, não enterra seus mortos. Não há possibilidade de humanização sem a lógica que é morrer para ressurgir de outra forma e melhor. O trigo que se faz pão e o trigo que é de novo plantado. A dinâmica, pois, de perder para crescer pertence à estrutura da nossa condição humana. Nela é que ressoa a presença redentora de Jesus. Nossa caminhada é parelha com o processo pascal da Redenção. Em nossa história de vida ressoam os ecos eternizados do Amor que nos liberta e salva, cujo Espírito Santo nos aclara, nos purifica e vivifica-nos.
Todos que buscamos vivenciar a espiritualidade cristã (experimentar Deus!) aprendemos a nos situa face ao mal e ao sofrimento tal como Jesus. Levamos a vida entrelaçando anseios humanos e graça divina. Nasa, portanto, de encarar as acontecências como mero jogo do acaso e da necessidade ou apenas más ou boas coincidências da sorte.
Num caminho espiritual redentorista Deus se achega a nós em cada circunstância da vida. O que nos acontece chamamos para encontrar o Deus vivo e amoroso. Com respeito e discernimento. Se perdes e adversidades que nos fazem penar podem nos fustigar e tudo se transformar em crise de fé, a hora é boa para se refazer as imagens de Deus que a pessoa tem consigo. Revisar o relacionamento que se tem com Deus.
A sensibilidade ferida pode vir a ser o ponto de partida para encontrar Deus. Ao perceber e sentir Deus (presença, nome e rosto!) redentor passamos a ver com novos olhos. À condição que não se esteja somente à procura de si mesmo! O lugar do Mistério de Deus é de fato a história de vida de cada um de nós. O que influi poderosamente para modificar nossa maneira de viver emoções e sentimentos. Nada de investir contra nós mesmos.
A melhor coisa para a sabedoria humana é aprender da vida. O que nos leva a escaparmos da ilusão de ser dono da própria história. Dono? Jamais. Cabe-nos, isto sim, ser sujeito de nossa vida. Experimentar Deus é reconhecê-lo dono: em tuas mãos o meu destino. Experimentar Deus nestas ocasiões difíceis ou dolorosas, implica em sair do território das nossas ilusões e abrir-nos atentos e generosos do Amor Divino que deseja vir a nós a partir do ponto onde estamos: sofridos e padecentes. Se somos vulneráveis às perdas e sofrimentos, sejamos por igual e ao mesmo tempo, vulneráveis à Copiosa Redenção que Jesus é para nós.
Pe Dalton Barros de Almeida, C.Ss.R