“Se há uma conquista irreversível do Vaticano II, ao menos no Brasil, é a Bíblia nas mãos do povo. A Bíblia nas mãos do povo, no Brasil, é o grande gesto de libertação. Significa que o leigo tem em suas mãos aquilo que, segundo a própria Dei Verbum, é a fonte primeira da Revelação. E se o leigo tem em suas mãos a fonte primeira da Revelação e a lê a partir da sua própria realidade econômica e sociopolítica, esse leigo está fazendo teologia. Para dizer a verdade, a Bíblia nas mãos do povo rompeu o monopólio da teologia, até então restrita ao clero. Ter a Bíblia nas mãos do povo é um gesto de libertação da teologia clerical. Por isso, a Bíblia nas mãos do povo permite o avanço em duas grandes questões do Vaticano II, que sempre vão ser foco de tensão: a questão da desclericalização e da descentralização. Vejo a Bíblia no contexto pastoral latino-americano como o grande instrumento de libertação dos leigos, como uma coisa necessária para que eles possam ter mais poder de decisão na caminhada da Igreja.”
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