É muito difícil conceituar-se a vida. Daí as várias definições que ela tem recebido no decorrer dos séculos…“Viver é optar e apaixonar-se pelo que se optou”. Frase do filósofo dinamarquês Kierkegaard, considerado o pai do existencialismo.

A neutralidade diante de importantes fatos da vida, o “ficar em cima do muro”, o “lavar as mãos”, quando as circunstâncias exigem uma tomada de posição, são erros contra a liberdade cometida pelo homem. É covarde quem foge a tal desafio, porque perde a oportunidade de se afirmar como criatura de decisão. Sem dúvida, qualquer opção representa um risco para a pessoa, porque existem escolhas de consequências irreversíveis. Mas é bom lembrar que não avança no seu amadurecimento quem deseja instalar-se na certeza e na segurança. A pessoa é pressionada a se definir não apenas em momentos de decisões radicais, como em relação a uma profissão ou um casamento, mas a cada passo dado na estrada do tempo. Ele vive escolhendo, e todos os seus atos representam uma opção entre as duas propostas que o cotidiano sugere a cada minuto: a proposta do bem e a do mal.
Diante da importância da opção para todo homem, e já que a escolha faz parte do cotidiano, é indispensável que a pessoa seja educada para saber escolher, a partir dos critérios da sua consciência, dos valores que dignificam o indivíduo e contribuem para o bem comum. Optar é exigência da condição humana e dela depende o sentido que cada um dá ao seu percurso pelo mundo.
Apaixonar-se pela opção é algo mais indispensável para que cada pessoa, sobretudo os cristãos, não sejam “os mornos” do Apocalipse, ameaçados de ser vomitados por Deus. É o entusiasmo, a esperança, a persistência, a vontade de ser melhor que devem identificar o homem em todas as cenas de sua vida.
Coluna – Fé e Cidadania – Folha de S.Pedro maio 2007