Considera-se Justiça Social a soberania em que todos/as os indivíduos da sociedade têm reconhecido seus direitos e deveres como cidadãos. Falamos da necessidade de Justiça Social onde se apresenta a desigualdade social. A missão Oblata, fundamentada em alicerce evangélico e humanitário, é a manifestação profética do evangelho da justiça, da libertação e da paz.
Na Espanha, no século XIX, em pleno apogeu da Revolução Industrial, estava acontecendo muitas transformações sociais, crises econômicas e políticas. Foi nesse cenário conturbado que Padre Serra e Madre Antonia viveram. Só por terem vivido com intensidade esse momento histórico e por estar atent@s aos “sinais do tempo” é que @s fundadores do Instituto das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor, em atitude de humanidade e misericórdia escutaram o apelo do Deus libertador, que clama na mulher pobre, desassistida, negligenciada, respondem sim e iniciam o trabalho com mulheres em situação de prostituição.
Como Pe. Serra e Madre Antonia, acreditamos numa espiritualidade profética, que José Antonio Pagola vai classificar através de três ações: Presença alternativa, Indignação profética e abertura de esperança.
Como cristãos, nos inspiramos em Jesus, que como ressalta Pagola, luta pela justiça social sendo presença alternativa num contexto patriarcal, de exploração e de morte. Procuramos ver a realidade social não como algo dado, normal, assumindo uma postura conformista. A proposta libertadora visa questionar as ideologias, as normas, as leis que não estão em favor da vida. Nosso trabalho é movido pela esperança. Acreditamos na construção de um mundo melhor, mais justo, solidário e humano.
Uma das linhas de ação de trabalho das irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor é a Missão Profética. A qual prevê ANUNCIAR a vida plena que todo ser humano – mulher e homem – foram chamados a viver, e para isso, temos o compromisso de DENUNCIAR todo tipo de exploração, injustiça e morte. Dessa forma, nosso objetivo no trabalho com as mulheres que estão em contexto de prostituição tende de forma mais geral incidir em dois âmbitos:
Com a própria mulher: contribuir para a melhoria das condições de vida, cidadania, autonomia, autoestima, o empoderamento;
Com a sociedade: sensibilizar o poder público, as universidades, as igrejas e toda a sociedade sobre as situações de injustiça social, violência, desigualdade de gênero e exploração econômica que afetam as mulheres.
A pedagogia de trabalho com a as mulheres que se encontram em contexto de prostituição é o amor. Amor que se preocupa com a/o outra/o. Amor Redentor “parente próximo”. Amor humanitário. Amor universal.
Amor que ver além do estigma: ver, sente e toca a mulher como ser humano, digna de respeito, nossa irmã, nossa companheira. Enxerga na mulher suas potencialidades, protagonismo, resiliência, capacidade de participação e partilha.
Conceber a mulher como “coitadinhas” que precisam ser salvas, não corresponde ao que acreditamos ser realmente a mulher, uma vez que estamos no mesmo barco. O amor cristão antes de ser religioso é humanista. Nós não somos a voz da mulher, uma vez que elas tem voz e precisa ser despertada, esse despertar sim é nossa missão. E despertamos juntas. Pe. Serra se solidarizou com as mulheres enfermas no porão do Hospital São João de Deus. Acredito que não só a mulher vivencia a trágica realidade de descer “aos porões” do hospital, mas também o Pe. Serra quando decide ir atender as mulheres. Nós, Família Oblata, não levantamos a mulher, mas nos reerguemos juntas/os com cada mulher que se encontra nos porões da existência. E por isso acreditamos e batalhamos pela Justiça Social. Na certeza de que enquanto existir uma única mulher violentada em algum cantinho desse imenso mundo, não existirá uma humanidade plena entre os seres humanos.
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José Antônio Pagola é um sacerdote católico, nascido em 1937, em Añorga. Estudou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma, no Instituto Bíblico Romano e na École Biblique de Jerusalém
Lucinete Santos
(Educadora Social – Projeto Oblata Diálogos Pela Liberdade – BH).