O nº 2728 do Catecismo da Igreja é bonito demais para não ser lido e meditado com atenção: “Enfim, nosso combate deve enfrentar aquilo que sentimos como nossos fracassos na oração: desânimo diante de nossa aridez, tristeza por não ter dado tudo ao Senhor, por ter ‘muitos bens’, decepção por não ser atendidos segundo vossa vontade própria, insulto ao nosso orgulho (o qual não aceita nossa indignidade de pecadores), alegria à gratuidade da oração etc. A conclusão é sempre a mesma: ‘Para que reza?’. Para superar esses obstáculos é preciso lutar para ter a humildade, a confiança, a perseverança” (CIC, 2728).
Muitas pessoas encontram várias dificuldades diante das orações, embora as dificuldades mudem segundo o momento. O perigo mais importante se chama “desânimo”, tentação que os santos suportaram também. Por exemplo, Santa Tereza de Jesus diz: “Quem se decide a tomar o caminho da oração para chegar à fonte viva, que é Cristo Jesus, deve ser decidido, forte e firme. E não deve voltar atrás por nenhum motivo, critique quem quiser. O que muito importa é prosseguir o caminho”.
Quais são os obstáculos que encontramos? O fracasso, a aridez, o desânimo fazem parte da vida de quem reza. E por quê? Tenho pensado muito nesse assunto, procurando uma causa desses sentimentos. Parece-me que talvez seja porque nós tratamos Deus como se fosse banqueiro, a quem todos pedem dinheiro, sem olhar como pedem, nem a quem pedem. Assim pensamos que, quando pedimos uma graça, Ele tem de nos dar. Pedimos suma cura, ou um emprego e recebemos na hora. Na verdade, porém, não é assim. Deus é Amor e sabe quando e como deve nos dar o que nós pedimos e se convém que nós o recebemos.
As ultimas palavras deste número do Catecismo da Igreja nos oferecem um caminho e uma orientação de como devemos rezar: com humildade, confiança e perseverança, três palavras-chave que devem nos animar. Não podemos exigir: devemos rezar confiando que Deus nos dará o que necessitamos e quando for melhor, e do jeito melhor. A oração é fonte da nossa alegria, para vermos a vida sempre como dom de Deus, mesmo quando, nossos olhos, nos parece que tudo anda mal. Depois do inverno teremos uma primavera, mas é necessário passar pelo inverno.
Frei Patricio Sciadini, OCD
Fonte Revista Mensageiro do Coração de Jesus