A dor e o sofrimento humanos exigem uma intervenção urgente e, por vezes, a atuação de toda a equipe de saúde. Lembramo-nos de uma preciosa afirmação da exortação apostólica Salvifici Doloris (“Dores salvíficas”), de João Paulo II, ao afirmar que “o sofrimento humano suscita compaixão, inspira também respeito e, a seu modo, intimida. Nele, efetivamente, está contida a grandeza de um ministério específico”.
Reflitamos objetivamente sobre o que São João Paulo disse: o sofrimento suscita compaixão, isto é, empatia traduzida em ação solidária, e não somente uma exclamação anestesiadora de consciência: “Que pena!”, “Que dó!”. A indiferença simplesmente mata a vida e também é um fator desumanizante que aumenta mais a dor e o sofrimento. O sofrimento suscita respeito. Criamos uma auréola de sacralidade em quem muito sofre. Quando uma criança nasce com problemas genéticos seríssimos, por exemplo, os cuidadores profissionais não se intimidam em dizer: “É um(a) santinho(a)!”. O sofrimento igualmente nos infunde temor, medo, porque vemos nossa fragilidade e nossa mortalidade, dimensões de nossa existência humana que nem sempre gostamos de nos lembrar.
Em um contexto crescente de tecnologização, é urgente o resgate de uma visão antropológica do conjunto da pessoa humana em suas várias dimensões, ou seja, física, social, psíquica, emocional e espiritual. Além de buscar a difícil resposta à questão do “porque” da dor ou do sofrimento, no campo das filosofias e das religiões, é preciso implementar o cuidado solidário, que une competência técnico-científica e capacidade humana.
Em outras palavras, é necessário que “coloque o coração nas mãos”. A bioética é uma ciência que está surgindo em uma hora oportuníssima, ao nos alertar e nos comprometer em meio a essa crise global. Esta é a hora certa de salvarmos o planeta e garantimos o futuro da vida.
Pe. Leo Pessini, Camiliano
Fonte: Revista Mensageiro do Coração de Jesus.