Neste dia 19 de novembro comemora-se o Dia da Bandeira. Instituída em 1889, logo após a proclamação da República, a data enaltece o fim imperialismo e o início de um novo tempo no Brasil. Nascia o sentimento nacionalista, de construção da identidade do povo brasileiro.
As primeiras bandeiras foram visualizadas na antiguidade e eram utilizadas nos exércitos como meio de reconhecimento entre os diversos soldados. O símbolo individualizava os grupos e o espírito guerreiro dos combatentes se transformou naquilo que conhecemos hoje como patriotismo.
No entanto, essa característica identitária, tão forte e presente no passado, tem se perdido com o tempo e, segundo historiadores de São Sebastião do Paraíso, a maior parcela de culpa nesse processo é do próprio estado, que deixou de incentivar os ensinamentos morais e cívicos nas instituições públicas de ensino.
O historiador, professor Luiz Ferreira Calafiori lembra que, no passado, as pessoas conheciam os símbolos nacionais e aprendiam a respeitá-los desde os primeiros anos de idade. “Os estudantes viam a bandeira e cantavam os hinos Nacional, à Bandeira e da Independência com amor. Mas hoje, com a supressão dessa disciplina, abriu-se uma lacuna e os jovens passaram a desconhecer e não dão importância para nossos símbolos”, relata.
Atual secretário municipal de Esportes, o professor Mariano Bícego conta que presenciou a falta do sentimento na nova geração durante viagem para a Letônia, quando acompanhava a seleção brasileira de basquete no campeonato mundial da categoria até 18 anos. “Quando se está em outro país e se usa um uniforme com a palavra “Brasil” para todo mundo ver, deve-se mostrar quem são os brasileiros. Estávamos em uma arena com 16 mil espectadores e eles, com o uniforme do País, colocaram os pés nas poltronas da frente quando se sentaram. Como chefe de delegação, chamei a atenção. Tive vergonha, mas os próprios auxiliares técnicos não estavam preocupados. Os atletas não são instruídos a valorizar o nome do Brasil”, recorda.
Assim como Luiz Ferreira, Mariano declara que a falta de disciplinas que promovam o espírito nacionalista é um agravante para o fato. Conforme explica, as aulas de OSPB (Organização Social e Política Brasileira), obrigatórias durante as décadas de 1970 e 1980, foram retiradas do calendário escolar com pretexto de terem sido criadas pelo regime militar. Porém, ele afirma que as coisas não aconteceram por esse motivo. “Depois do fim do regime, essas aulas serviram como espaço crítico para que os alunos discutissem questões políticas. O estado tirou do currículo porque não queria formar cidadãos questionadores, pensantes”.
Além da ausência de uma disciplina especializada, Bícego acredita que o nacionalismo também está em extinção por causa do individualismo do brasileiro. “Se nós somos um bando de indivíduos preocupados com o bem-estar próprio e não coletivo, é lógico que as atitudes não serão muito positivas”. O secretário também lembra que a bandeira brasileira só é “lembrada” pelo povo a cada quatro anos, durante a Copa do Mundo. Mesmo assim, diz que o símbolo não é tratado com o devido respeito. “A bandeira verde-amarela é vista mais como estandarte de um clube de futebol do que como algo que representa toda a nação. Hoje, infelizmente, as pessoas não sabem o que ela simboliza”.
Questionados sobre o futuro do sentimento nacionalista brasileiro, os historiadores opinam: “Tudo tem jeito na vida, mas isso leva tempo. Além disso, não vejo ninguém fazendo nada para mudar”, diz Bícego. Calafiori completa: “Fico triste com a forma com que nosso símbolo é tratado. Acho que os estudos devem voltar para que possamos reacender esse patriotismo que está morto dentro de nós. Na verdade, amamos o nosso país, mas falta vivenciar esse orgulho.
por Ralph Diniz.
Texto com Adaptação.
Fonte: Jornal do Sudoeste