Especial Mês Vocacional – História Vocacional Ana Paula Assis

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Acredito que minha vocação foi gestada na minha casa, ainda nos primeiros anos de catequese, fui catequizada por religiosas irmãs de GAP. O testemunho de vida delas o porquê de morar em uma comunidade pobre, acreditar numa juventude de periferia, catequizar as crianças e assim chegar até a família. A entrega sem esperar recompensas, foram gestos que em um determinado momento me questionaram, me fizeram olhar a partir da ótica de um Deus que me era totalmente desconhecido, embora muito próximo.

Na minha cidade houve uma semana missionaria pelos votos de uma jovem e no meu bairro teve a presença de alguns missionários. Neste momento lançaram a semente, todavia foi no crisma o meu grande despertar vocacional. E meu coração ficou inquieto diante da possibilidade da Consagração a Vida Religiosa Consagrada. No meio deste borbulhar e de tantos questionamentos, recordo-me do pároco no nosso último encontro de crisma, perguntando o que nos levava a crismar? Falou ainda que os dons do Espírito eram para ser colocados a serviço, e que a igreja necessitava de homens e mulheres dispostos a deixar a graça de Deus agir em plenitude, fazendo-se discípulos e missionários no anuncio do reino. Na hora pensei, acho que Deus está me dando uma dica, mas será mesmo que é para mim que Ele esta falando? 

Fiquei com esse questionamento um tempo e a primeira pessoa que contei foi meu pai, que imediatamente, me disse: desejo apenas que você faça o que realmente te realize, não tome nenhuma decisão por enquanto procura alguém da igreja que saiba de falar como realmente funciona, mas saiba que estou aqui e sempre, pode contar comigo. Um tempo depois contei minha mãe no primeiro momento não gostou muito da ideia, meus ex-patrões ficaram surpresos, algumas vezes me diziam; “pensa direito, você é muito alegre”. Meus amigos receberam com surpresa a notícia, contudo tive apoio de muitos, que eram do grupo de jovens e dos movimentos do quais fazia parte. Minha irmã recebeu muito bem a noticia, disse que já sabia. 

Esperava sim as reações que tiveram com exceção dos meus ex patrões, mas sempre tive a graça de conhecer homens e mulheres consagrados e muito felizes realizados, desde aí tenho um compromisso comigo mesma, o de permitir que as pessoas que me conheçam ou que de alguma maneira irão conviver ou passar pela minha vida saiba que a minha opção de consagrada é uma escolha feliz e autêntica, o que não me blindará (não serei imune) de viver a dor e o sofrimento que faz parte da vida e até mesmo de ter um dia de mau humor, mas porém  quero ser lembrada pela minha alegria e pelo meu sorriso.


Meu principal motivo de seguir a Vida Religiosa é Jesus Cristo, minha consagração tem que ser a Ele por amor ao Reino. Acredito no Ministério do homem de Nazaré que acolhia os marginalizados, fez sentar a mesa o que estava excluídos e que revelou o grande segredo do Pai aos pequenos e pobres.

Minha motivação é uma mescla, ser feliz é o que me faz está no seguimento de Jesus Redentor, sei que Deus nos criou para a felicidade. Minha consagração é para estar a serviço, mas só podemos testemunhar o que realmente vivemos o encontro com o outro é para gerar salvação e isto nada mais é que Redenção, Oblação vida em abundancia, entrega, compromisso, anuncio e denuncia. Viver em comunidade é testemunhar que a vida em plenitude é para todos e que somos chamadas a profetizar um novo jeito de ser igreja. A Vida comunitária é um dos pilares da vida religiosa consagrada, o amor fraterno e a oração são sustento diante do desafio cotidiano da missão.

Estou na vida Religiosa consagrada há quatro anos, caminhando para o encerramento da primeira etapa de formação. (Período de estágio/ experiência para a preparação dos primeiros votos). Amo a Vida Religiosa Consagrada Oblata. Sou uma mulher apaixonada por Jesus Redentor e pelo Reino, digo sempre, que a vida presenteou com a graça de conviver com diversas culturas e pessoas de distintos lugares. Não existe algo que goste mais, tudo é graça e experiência do Sagrado, porém diria que a espiritualidade redentora e o carisma congregacional me fascinam. Não sinto falta de nada, tenho saudades apenas e recordações muito carinhosa de alguns amigos que não vejo há anos, e de pessoas que conheci nas semanas missionárias, missões e nos projetos por onde trabalhei.

Para quem não sabe que decisão tomar, eu digo: Reze, confie em alguém que verdadeiramente possa ter uma orientação espiritual e ajudar no discernimento. Questione o que deseja para o futuro e se lance nas mãos de Deus. Não tenha medo, os desafios existem e são reais, mas Deus vai nos capacitando ao longo da caminhada. O reino tem muito trabalho para ser feito e a falta de operários é um fato que pode ser mudado, basta dizer sim e se por a caminho, acreditar que tudo o que Deus deseja é que vivamos em fraterna comunhão num mundo sem exclusão, o reino é para todos, somos irmãos.”
Meu nome é Ana Paula Assis e tenho 31 anos, e sou noviça Oblata.

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Projeto Antonia – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.   

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