O Espírito Santo protagonista da missão

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Cada pessoa é convidada a seguir os passos de Jesus Redentor em missão para realizar o projeto de amor de Deus a humanidade. Quando aceitamos este convite iniciamos um processo de descobertas, aventuras e também de dificuldades, mas temos a certeza que não estamos sozinhas/os, pois o Espírito Santo se faz presente permanentemente para nos dar a certeza que devemos seguir em frente sem medo e sem receios. O Espírito Santo é protagonista da missão, assim como o Papa João Paulo II, em alguns trechos da Encíclica Redemptoris Missio, nos faz entender e refletir a ação do Espírito de Deus em nossa missão. 
O ESPÍRITO SANTO PROTAGONISTA DA MISSÃO

“No ápice da missão messiânica de Jesus, o Espírito Santo aparece-nos, no mistério pascal, em toda a Sua subjetividade divina, como Aquele que deve continuar agora a obra salvífica, radicada no sacrifício da cruz. Esta obra, sem dúvida, foi confiada aos homens: aos Apóstolos e à Igreja. No entanto, nestes homens e por meio deles, o Espírito Santo permanece o sujeito protagonista transcendente da realização dessa obra, no espírito do homem e na história do mundo”.

Verdadeiramente o Espírito Santo é o protagonista de toda a missão eclesial: a Sua obra brilha esplendorosamente na missão ad gentes, como se vê na Igreja primitiva pela conversão de Cornélio (cf. At 10), pelas decisões acerca dos problemas surgidos (cf. At 15), e pela escolha dos territórios e povos (cf. At 16, 6 s). O Espírito Santo age através dos Apóstolos, mas, ao mesmo tempo, opera nos ouvintes: “Pela Sua ação a Boa Nova ganha corpo nas consciências e nos corações humanos, expandindo-se na história. Em tudo isto, é o Espírito Santo que dá a vida”. (…)

Sob o impulso do Espírito, a fé cristã abre-se decididamente às nações pagãs, e o testemunho de Cristo expande-se em direção aos centros mais importantes do Mediterrâneo oriental, para chegar depois a Roma e ao extremo ocidente. É o Espírito que impele a ir sempre mais além, não só em sentido geográfico, mas também ultrapassando barreiras étnicas e religiosas, até se chegar a uma missão verdadeiramente universal. (…)

O Espírito impele o grupo dos crentes a “constituírem comunidades”, a serem Igreja. Depois do primeiro anúncio de Pedro no dia de Pentecostes e as conversões que se seguiram, forma-se a primeira comunidade (cf. At 2, 42-47; 4, 32-35).

Com efeito, uma das finalidades centrais da missão é reunir o povo de Deus na escuta do Evangelho, na comunhão fraterna, na oração e na Eucaristia. Viver a “comunhão fraterna” (koinonía) significa ter “um só coração e uma só alma” (At 4, 32), instaurando uma comunhão sob os aspectos humano, espiritual e material. A verdadeira comunidade cristã sente necessidade de distribuir os próprios bens, para que não haja necessitados, e todos possam ter acesso a esses bens, “conforme as necessidades de cada um” (At 2, 45; 4, 35). As primeiras comunidades, onde reinava “a alegria e a simplicidade de coração” (At 2, 46), eram dinamicamente abertas e missionárias: “gozavam da estima de todo o povo” (At 2, 47). Antes ainda da ação, a missão é testemunho e irradiação. (…)

O Espírito manifesta-se particularmente na Igreja e nos seus membros, mas a Sua presença e ação são universais, sem limites de espaço nem de tempo.  O Concílio Vaticano II lembra a obra do Espírito no coração de cada homem, cuidando e fazendo germinar as “sementes do Verbo”, presentes nas iniciativas religiosas e nos esforços humanos à procura da verdade, do bem, e de Deus. 

O Espírito oferece ao homem “luz e forças que lhe permitem corresponder à sua altíssima vocação”; graças a Ele, “o homem chega, por meio da fé, a contemplar e saborear o mistério dos planos divinos”; mais ainda, “devemos acreditar que o Espírito Santo oferece a todos, de um modo que só Deus conhece a possibilidade de serem associados ao mistério pascal”. Seja como for, a Igreja sabe que o homem, solicitado incessantemente pelo Espírito de Deus, nunca poderá ser totalmente indiferente ao problema da religião, mantendo sempre o desejo de saber, mesmo se confusamente, qual o significado da sua vida, da sua atividade, e da sua morte.  O Espírito está, portanto, na própria origem da questão existencial e religiosa do homem, que surge não só de situações contingentes, mas sobretudo da estrutura própria do seu ser. 

A presença e ação do Espírito não atingem apenas os indivíduos, mas também a sociedade e a história, os povos, as culturas e as religiões. Com efeito, Ele está na base dos ideais nobres e das iniciativas benfeitoras da humanidade peregrina: “com admirável providência, o Espírito dirige o curso dos tempos e renova a face da terra”.

Cristo ressuscitado, “pela virtude do Seu Espírito, atua já nos corações dos homens, não só despertando o desejo da vida futura, mas também alentando, purificando e robustecendo a família humana para tornar mais humana a sua própria vida e submeter à terra inteira a este fim”, É ainda o Espírito que infunde as “sementes do Verbo”, presentes nos ritos e nas culturas, e as faz maturar em Cristo.

Assim o Espírito que “sopra onde quer” (Jo 3, 8) e que” já estava a operar no mundo, antes da glorificação do Filho”,  que “enche o universo, abrangendo tudo e de tudo tem conhecimento” (Sab 1, 7), induz-nos a estender o olhar, para podermos melhor considerar a Sua ação, presente em todo o tempo e lugar. É uma referência que eu próprio sigo muitas vezes e que me guiou nos encontros com os mais diversos povos. As relações da Igreja com as restantes religiões baseiam-se num duplo aspecto: “respeito pelo homem na sua busca de resposta às questões mais profundas da vida, e respeito pela ação do Espírito nesse mesmo homem”. O encontro inter-religioso de Assis, excluída toda e qualquer interpretação equívoca, reforçou a minha convicção de que “toda a oração autêntica é suscitada pelo Espírito Santo, que está misteriosamente presente no coração dos homens”. 

A ação universal do Espírito, portanto, não poder ser separada da obra peculiar que Ele desenvolve no Corpo de Cristo, que é a Igreja.

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Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Projeto Antonia – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.   

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