Projeto de Vida – Um projeto de amor

Compartilhar
Toda vida humana é um projeto nascido do amor de Deus por cada um de nós. Deus amou tanto o mundo que enviou seu Filho, Jesus. Este veio ao que era seu, mas os seus não o acolheram. O mundo não compreendeu o projeto de amor do Pai. Aqui se encontra a misteriosa necessidade do sofrimento do Filho e sua morte na cruz. Daí, também, a incompreensão, a perseguição e até a morte de tantos seguidores de Jesus que, como Ele, empenharam sua vida na realização desse projeto de amor. 
Deus é amor, e em todo amor verdadeiro esconde-se algo da eterna presença e da inefável saudade desse Amor.  E como criaturas semelhantes à imagem do Deus-Amor, não alcançaremos a nossa realização humana se não formos capazes de amar. Mas quem nos ensinará a amar de verdade, como o Pai ama o seu Filho e como Cristo nos amou?
O seguimento de Jesus ao longo da historia, se concretizou em diversos “modelos” ou “projetos de vida” que chegam até os nossos dias. É uma ilusão pensar que o mundo começa conosco. Estamos vivendo, sim, um tempo novo, mas os acontecimentos desencadeados pela violência; falta de valores, entre outras tragédias, não nos autorizam a pensar que o século XXI será melhor do que os precedentes. A “nova era” de paz e amor continua a ser um sonho irrealizado.
Somos filhos e filhas de uma longa evolução da matéria e do espírito. Todavia, nos limites de nossa vida, somos livres para escolher um caminho. Consciente ou inconscientemente, assumimos um “projeto”, um modo de ser e de viver. 
O amor é primariamente, um sentimento, mas se ficar apenas na primeira fase da sensibilidade será instável e pouco duradouro. Todos os seres humanos fazem alguma experiência de amor. No entanto, muitos não se sentem amados. Para crescer, para ser profundo, o amor precisa passar do mero sentir ao querer, que compromete a vontade, e do querer ao fazer, de acordo com o querer.
Deus é comunhão de Pessoas, no abismo do amor trinitário. Este amor não está fechado em sua própria felicidade, mas continuamente aberto e orientado para o bem de todas as criaturas, criadas para compartilhar essa felicidade. Nossa resposta a esse amor deverá consistir na orientação de toda a nossa vida para Ele, por meio dos diversos projetos e opções da história humana.
No mundo globalizado do século XXI, diante da crise de valores duradouros, as pessoas se queixam de solidão. Nos países pobres, nas regiões mais carentes, muitos morrem de fome. No “Primeiro Mundo”, nas grandes metrópoles, outros tantos morrem de tédio. A vida e a morte são banalizadas. A realidade e a ficção se misturam na chamada “realidade virtual”.
Os analistas indicam o individualismo como uma característica própria da modernidade. Quem nos salvará deste beco sem saída? Só o amor é capaz de salvar o ser humano da falta de sentido de uma vida efêmera, fechada em si mesma! Diante da falência geral de ideologias, sistemas e instituições, o amor é objeto de um culto quase “religioso”.
Toda religião é essencialmente, “relação”, portanto “saída-de-si”. Mas há grande variedade de relações do ser humano com a transcendência e dos seres humanos entre si. Em outras palavras, há muitas formas de amor: desde o amor possessivo e egocêntrico ate o mais puro e oblativo.
No amor egocêntrico o sujeito sai de si para possuir o outro, submetendo-o aos seus próprios interesses. E o “amor de si mesmo”, que chega até o “desprezo de Deus” (Santo Agostinho). No amor oblativo, pelo contrário, o sujeito sai de si para doar-se ao outro, colocando o bem deste acima do próprio bem. E o amor de Deus que chega ao extremo de dar a própria vida pelo amado, na suprema prova de amor, o martírio. O verdadeiro amor é um ato de entrega total.
Fonte:  Projeto de vida: amar e ser amado – 
Coleção Leituras e releituras –
 Luís González – Quevedo,SJ 
– Edições Loyola, 2001.

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Projeto Antonia – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.   

Compartilhar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *