Ceia do Senhor: Um convite à partilha e ao serviço

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Uma das celebrações mais tocantes da Semana Santa é a ceia derradeira de Jesus com seus amigos. Trata-se de um evento emblemático, no qual ele quer deixar alguns sinais fundamentais e outros ensinamentos como testemunhos. Reconhecendo a gravidade daquele momento, os discípulos ficam muito atentos para compreender o projeto do Mestre para suas vidas. Não se pode ignorar que havia uma percepção do destino de Jesus e que estas eram as últimas horas de sua vida. Ele tinha compreendido que seu amigo Judas Iscariotes, o tinha traído. Tratava-se agora de assumir seu destino e deixar seu testemunho.
Quando os discípulos se aproximam para cear, Ele deixa o primeiro recado, de forma evidente e segura. Quem quiser fazer parte do seu discipulado, deve servir, e servir com humildade. Todas as pessoas importantes quando chegavam às casas como convidados eram bem acolhidos, lavando-se lhes os pés. Jamais, no entanto, o dono da casa ou seus filhos o faziam, pois era um trabalho deplorável. Tocar os pés empoeirados, enlameados pelo barro da estrada e sujos com as repugnâncias do caminho, não era um trabalho para senhores, mas para servos mais humildes. Neste seu gesto de lavação dos pés, Jesus revela a vocação ao serviço. Esta é sua atitude, a qual revela sua vocação. 
Assim, somos convidados e convidadas para servir com a mesma humildade. Não se trata tão simplesmente de lavar os pés, em sentido literal; antes é uma atitude verdadeira de estar a serviço dos irmãos. São atitudes concretas e verdadeiras, do contrario, tornam-se pregações falaciosas e ilusórias. Ser discípulo de Jesus implica em servir os irmãos, o que se realiza com gestos concretos. 

Na continuidade desta ação de Jesus, encontramos a celebração da ceia. Uma ceia humilde e simples, uma ceia verdadeira, que congrega aos irmãos no mesmo ideal. A verdade desta ceia se concretiza na partilha do pão, que simboliza a partilha dos bens fundamentais para a vida humana. Se a partilha do pão na ceia eucarística for verdadeira e fecunda, nos levará a partilhar às coisas que são necessárias para a vida humana, como a comida, a saúde, a moradia, a educação, entre tantos dons divinos.

Esta vocação de Jesus nos provoca à partilha de todos os bens. Partilhar nosso tempo, nossos ideais e nossa fé. Partilhar é reconhecer-se irmão é fazer-se filho de Deus. Reafirmamos, então, que o gesto do “lava-pés”, executado por Jesus e a “ceia derradeira” são convites para vivermos como seguidores do Nazareno.
Estes gestos são revividos e celebrados na Ceia Eucarística. Dessa forma, todo fiel que participa da Missa está sendo convidado para viver a humildade e praticar a partilha dos bens.

Pe. João H. Hansen – Pe. Antonio S. Bogaz, PODP
Autores de “Quaresma: Teologia, tradição, símbolos”: editora Recado 2014.
Fonte Revista Rogate. Nº330 – março de 2015

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As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Projeto Antonia – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.   

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