
Nossa Senhora penetrou na profundidade do mistério do seu filho não pela imensidade das reflexões pessoais ou pela multiplicação de palavras, mas por uma constante “saída de si mesma” vivida na fé: “Feliz porque acreditaste: cumpra-se em Ti o que foi dito”. Maria contempla assombrada as obras de Deus. Ela acreditou que estas se realizariam mesmo no impossível.
A contemplação de Maria é este silêncio que envolve sua vida tecida de dias vulgares, próprios de qualquer mulher que vive em um ligar pequeno de uma terra pobre, bastante à margem de grandes povoados e das estradas da grande história. Neste silêncio, ela acolhe a Palavra gerada pelo Pai que o Espírito lhe repete.
Maria conheceu a procura angustiada do Filho perdido. Não compreendeu muita coisa, porém, Maria acolhia tudo no silêncio do seu coração, sobretudo quando permaneceu silenciosa aos pés da cruz de seu filho e Senhor. Maria estará presente no meio da primitiva Comunidade que aguardava a vinda do Espírito Santo. Toda esta trajetória de Nossa Senhora está imersa no silêncio de sua oração contemplativa sobre a ação de Deus fundamentada na fé.

Como Filho da Virgem Maria, Jesus orou com sua Mãe; junto dela aprendeu as orações do seu povo. Há vestígios disso nos Evangelhos. “Depois de terem cantando os salmos saíram para ir…” (ver Mc 14,26).

Aos pés da cruz, ela é a mulher forte, intrépida que dá vida ao novo povo dos que acreditavam. Maria viveu como orou: sua oração dos Salmos consistia em prestar atenção, em escutar e acolher no seu coração a Palavra de Deus e depois poder vivenciá-las.
Mãe de Deus, peregrina da fé e do silêncio, tu que, com os apóstolos, rezaste para receber o Espírito Santo, concede-nos descobrir o silêncio que se abre aos dons de Cristo vivo, pata testemunhar sua nova forma de presença.
Ir. Tereza Cristina Potrick, ISJ
Revista Mensageiro do Coração de Jesus – outubro de 2013