Menino nascido no País Basco, logo órfão de mãe, aprendeu os primeiro sons de sua língua materna com a babá. De família tradicional, cedo também começou a praticar o espanhol. Era um rapaz valente e, como não podia contar com herança familiar – pois toda a propriedade ia par ao irmão mais velho -, arrumaram-lhe um serviço com o poderoso tesoureiro (ministro da Fazenda) dos reis católicos, Fernando e Isabel. Apesar de ter um coração fiel à Fé Católica, teve um período de deslumbramento com honras e riquezas, sensualidades e luxo. Em uma batalha, uma bala daqueles primitivos canhões quebrou-lhe uma perna e feriu seriamente a outra. Ele saiu da penosa convalescença com profundas marcas: ficou coxeando a vida toda e se tornou homem de Cristo.
Depois de um período de mendicância e vida eremítica, Inácio sentiu a necessidade, por conta de sua vocação, de fazer seu amigo pessoal, Jesus Cristo, mais conhecido, amado e servido. Decidiu estudar seriamente, começando, já homem feito, a enfrentar a língua da cultura de seu tempo, o latim, com uma garotada, mais hábil do que ele. Depois, enquanto acumulava mais experiência da vida interior segundo o Evangelho, ele pôde estudar em Universidades, concluindo com o título de Mestrado em Paris. Ali fez amizade espiritual com colegas e ali Deus, nosso Senhor, o fez fundador de uma liga de companheiros: a Companhia de Jesus, que tomou forma em Roma, e logo chegou, ainda nos dias do “Pai Inácio”, ao Brasil, que apenas começava a surgir. Foi ele quem enviou os Jesuítas, entre outros, nosso Bem-aventurado Padre Anchieta.
O tempo, a fantasia e alguma propaganda mal inspirada apresentam Inácio como um “general”, um comandante, um homem atento a grandes estratégias. Não era assim que o via Padre Nadal, primeiro, seu confessor em Paris, depois, companheiro e amigo em Roma: “Inácio seguia o Espírito. Não se adiantava a Ele. Desse modo era conduzido com suavidade para o desconhecido. Pouco a pouco, o caminho se abria, e ele o percorria, sabiamente ignorante, com o coração posto simplesmente em Cristo”. Sua comemoração litúrgica é no dia 31 de julho.
Pe. Paiva, SJ
Texto com alteração
Fonte: Revista Mensageiro do coração de Jesus