Hoje a Igreja celebra o batismo de Jesus, e convidamos você para refletir conosco o texto escrito pelo Cardeal Geraldo Majela, para o site da CNBB.
Concluímos o tempo do Natal com a comemoração do Batismo do Senhor.
Iniciamos agora o tempo da vida publica, ou seja, da pregação do Evangelho.
Jesus quis ser batizado pelo seu precursor João Batista nas águas do rio Jordão. Ele se apresenta não somente como obediente ao Pai do Céu mas modelo para todos os que receberem a sua Palavra e se tornarem filhos de Deus pelo batismo.
Diz o evangelho de Marcos 1, 7-11: “João pregava, dizendo: Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias. Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo. Naqueles dias veio Jesus de Nazaré na Galiléia e foi batizado por João no rio Jordão.”
Com o seu imergir-se na água do Jordão, e com o seu sair da água, Jesus prefigurou a sua morte e a sua ressurreição. De fato, Jesus, o “sem pecado” por excelência, com esse rito penitencial de purificação, aceitou o tomar sobre si os nossos pecados, e nos precedeu no caminho da purificação e da renovação.
Cristo foi batizado, não para ser santificado pelas águas, mas para santificá-las a fim de se tornarem purificadoras na força do Espírito Santo. Cristo nos precede em seu batismo, para que os povos cristãos sigam confiantemente o seu exemplo.
Quanto a nós, a comemoração de hoje nos leva a pensar sobre o nosso batismo: um dia da nossa história pessoal, em alguma igreja, nas águas de uma pia batismal nos tornamos filhos de Deus. E nossos pais e padrinhos assumiram o empenho de nossa vida cristã.
Esta é uma descrição do batismo de Cristo, feita com pobres palavras humanas. Na realidade estamos diante do mistério de Deus. Mas o mistério vive também em nós, porque com o batismo seguimos o mesmo itinerário espiritual percorrido por Cristo. Com o nosso batismo também nós fomos solicitados a morrer ao pecado, e a ressurgir para uma vida nova em Cristo, a vida da graça. Com o batismo, Jesus nos considera seus irmãos, libertados do pecado ao preço de seu sangue, e o Pai celeste nos faz seus filhos.
Tudo isso diz ao cristão o próprio batismo, iluminado pelo batismo de Jesus. Mas nem todos se sentem de aceitar o batismo como empenhativo. Muitos de fato o recusam ou não tomam conhecimento do seu sentido, ou o entendem mal.
Para começar, muitos hoje no mundo recusam reconhecer em Jesus Cristo o Filho de Deus. Vêem em Jesus um homem maravilhoso, excepcional, porém um simples homem, como existem tantos.
Houve a moda de Mao, e o mundo conta ainda aqui e ali com maoístas, netos de Mao. Depois o vulto de Che Guevara decorou camisetas de jovens. Também Gandhi teve a sua hora de celebridade. Mao, Che, Gandhi, todas figuras de grande prestígio, capazes de entusiasmar, mas simples homens e nada mais.
Agora, não para poucos batizados, meio-cristãos ou ex-cristãos, Jesus é reduzido a dimensões humanas. Não é o Jesus do Evangelho, o Filho de Deus, aquele de quem o Pai disse: “Tu és meu Filho muito amado!”, assumindo a paternidade de Jesus também enquanto homem, e por conseguinte de toda a humanidade.
O Evangelho nos revela que Jesus não é um personagem do passado para ser admirado, mas Jesus é o Verbo eterno, encarnado, para ser adorado e amado, o amigo com quem se instaura o diálogo de coração aberto, o que se chama rezar. Com quem se empenha por toda a vida.
Há outro ensinamento a receber do Evangelho de hoje. Nós cristãos corremos de fato o risco de fazer de Jesus uma bela imagem macia, suave e contornável, irreal e consoladora. Quase um desafogo para nossas devoções sentimentais e privadas. E realmente não é. O Cristo chegou à vitória sobre a morte, à ressurreição e à vida, de maneira dolorosa, através da luta contra o mal, o pecado.
É este o sentido do seu batismo, do seu emergir da água. É este também o sentido do nosso tornar-nos cristãos. Isto é uma clara consciência diante das asperezas da vida, da dor, da morte física.
Quando se leva uma criança à fonte batismal, facilmente só consideramos a sua ternura, os enfeites, a mesa de salgadinhos e bolo. Está bem, isso é bom. Mas peçamos ao Senhor queira dar um dia a essa criança a força de viver como cristão, de lutar contra o mal, de fazer vencer na sua consciência sempre o bem.
Fonte: CNBB