“O Natal costuma ser sempre uma ruidosa festa: entretanto,
se faz necessário o silêncio, para que se consiga ouvir a voz do Amor.”
(Papa Francisco).
Chega o final do ano e uma verdadeira contagem regressiva se instala na cabeça e nas ações das pessoas. Muitos dizem: – Passou muito rápido, mas não deu para fazer uma porção de coisas.
Vivemos em uma cultura movediça e em tempos frenéticos, nos quais os nossos sentidos são estimulados constantemente para nos levar ao consumo desenfreado, à avidez do ter e do possuir. Gastamos a vida correndo para comprar o tempo livre das ocupações de que geralmente não gostamos. No entanto, o tempo que adquirimos graças ao dinheiro obtido no trabalho é investido apenas para consumir, caindo num círculo vicioso do mercado e das mercadorias. Então, esta fome de tempo para o bom proveito, do descanso e do lazer, do cultivo de boas relações, jamais será saciada, gerando estresse, depressão e outras doenças. E chegando ao final do ano, ao invés da festa, que nas culturas tradicionais era o coroamento do trabalho realizado, com tempo de preparação e celebração, temos apenas a diversão rápida (fast), que pode ser comparada e nem sequer exige a companhia dos outros.
Com isso, chegamos à conclusão de que estamos comprando um estilo de vida que não compensa: consumir energias, a vida, as relações afetivas para garantir um consumo de coisas que, no fundo, nem sabemos, através de ritmos de vida e trabalho desumanos. Não podemos deixar-nos escravizar pelo “tempo do relógio” (chrónos), o tempo quantitativo e materialista. Devemos, sim, viver o tempo como um Kairós, o tempo oportuno, um tempo qualitativo e voltado para a realização do bem-viver.
Um horizonte bonito para sairmos da aceleração, do consumismo e individualismo é o que propõe o provérbio africano: “Se queres ir depressa, anda sozinho; porém, se queres ir longe, anda acompanhado”.
Se chegarmos até aqui acelerados e aceleradas, é bom relaxar. Cada pessoa é responsável pela sua própria vida, mas este cuidado com a própria vida não basta para trazer felicidade, a não ser quando cada pessoa se faz responsável também pela vida do outro. Melhor é ficar com metas plausíveis, agradecer por tudo que conseguimos fazer, celebrar a vida – o dom mais precioso – com as pessoas que amamos e, com calma, traçar novos objetivos para o próximo ano.
A fraternidade é fonte de felicidade e de bem-estar. Assim, a sociedade deve ser organizada de forma a favorecer o direito que todos os seres humanos têm a vida digna e feliz. Afinal, “é Natal, um ano termina, mas nasce outra vez”.
Texto com adaptações.
Rui Antônio de Souza, da equipe de redação do Jornal mundo jovem
Fonte: Revista de Aparecida/ dez-2015.