A missão supõe uma mística, um espírito e deve projetar-se em realizações práticas que levem à libertação integral das mulheres. Isto quer dizer que precisamos de um método, uma pedagogia. Uma pedagogia que se autentica, partindo da realidade da mulher e da mística que nos aproxima dela.
O fundamento, a base do sistema pedagógico da Congregação na visão de Antonia, é o amor. Amor que se exprime num profundo respeito e aceitação da realidade e da vida das mulheres em situação de prostituição.
“Que as Oblatas sejam Oblatas: que amem as mulheres, que se acostumem a andar e aprendam a lidar com elas, que saibam ter paciência – mas não essa paciência fria, gelada, que nada adianta para elas, mas uma paciência doce, amorosa, piedosa; uma paciência na qual elas percebam que há amor à Deus e às suas almas. Que, ao mesmo tempo em que sejam pacientes, sejam firmes – mas de uma firmeza ponderada. Que digam: “Isto não pode ser, não se deve fazer isto, e não se deve fazer porque não é bom e ofende a Deus, e eu não posso transigir com o mal. A mim, podem me fazer o ultraje que quiserem; mereço ainda mais, mas não permito que Deus seja ultrajado em nenhum lugar e menos ainda em sua casa”. Estas e outras palavras. Que elas vejam que não são repreendidas por raiva, nem pôr zanga, mas tão somente em função do dever e para o seu bem.
Que as Oblatas não castiguem nunca, pois para isso é preciso prestígio. Que repreendam e repreendam com bondade e carinho, nunca com aborrecimento nem enfado, o castigo assim dado pode promover outra culpa às vezes ainda pior do que a primeira e, em virtude da coisa mais fácil de dissimular no princípio, segue-se, pôr um castigo dado no momento da repreensão, uma série de culpas mais e mais graves.
Acostume, pois, não apenas na teoria, mas também na prática, que nós não somos religiosas que temos moças, somos mães e mestras das moças e, para realizar santamente esse ofício somos religiosas.
Sempre devemos levar em conta, para não errar, o tipo de moças que temos: gente abandonada, indócil, acostumada a não ter outra lei senão a sua vontade, outro alimento senão aquele que querem outra preocupação senão a de seguir seus desejos, outro jugo senão o de suas paixões e do gozo desenfreado dos prazeres da vida à custa de sua honra e de sua saúde. E quando às vezes uma decepção e outras um sermão, quase sempre uma doença dolorosa, as animam a receber o raio de luz e com esforço heroico quebram os grilhões que as unem ao mundo e vêm nos procurar… É então que começa a luta: as más paixões rebelam-se contra o jugo, o inimigo grita a seus ouvidos de modo a impedir de escutar a voz do anjo bom, e a pobre Oblata tem que ser a coadjutora do anjo… E como anjo comportar-se. Sim, como anjo, porque as moças, que não veem seus próprios defeitos, têm olhos de lince para descobrir os defeitos das irmãs e, mesmo que se calem, na primeira ocasião que se lhes apresenta, com todo atrevimento o lançam ao rosto como desculpa para si. E dessas moças muitas vezes se exigem mais virtude, mais silêncio, mais submissão do que das irmãs e, se elas sacodem um pouco esse jugo, castigos e mais castigos. Pouco a pouco e só pouco a pouco, e com paciência e paciência extrema, bem como extremo zelo, pode-se extrair delas o que se deseja. Elas quebraram a cadeia do vício, é certo, mas não romperam os fios que mantêm aprisionados e inutilizados os bons sentimentos com que o Senhor as dotou no santo batismo. É preciso ir cortando pouco a pouco esses fiozinhos sem ferir a parte enferma, com carinho, com heroísmo, com paciência”.
MF Cor Jerez, 1892, à Mestra de Noviças. Cópia de um impresso – com adaptações.
Fonte: Biblioteca Histórica – Origens da Congregação.
Fonte: Biblioteca Histórica – Origens da Congregação.
Acompanhe nosso Instagram @vocacionaloblatas