Escolhidos para Amar:
Evangelho Jo 15,9-17
O evangelho nos fala sobre a Igreja como lugar a da amizade. Jesus nos é apresentado como alguém que confidencia aos seus amigos tudo o que ouviu do Pai. (v.15). Conforme a palavra de Jesus, a Igreja não se fundamenta em relações de poder entre senhor e escravo, nas quais alguns se impõem sobre os outros, no saber e no poder. Jesus superou essa mentalidade do mundo onde uns mandam e outros obedecem; ele convocou uma família, não fundou uma empresa. Somos vocacionadas e vocacionados para amar, para viver em comunhão, partilhando uns com os outros, aquilo que somos e o que temos.
Jesus confia a nós tudo o que ouviu do Pai, dando-nos o exemplo para que confiemos uns nos outros e sejamos transparentes uns com os outros, a fim de formar verdadeira “comunidade”. Se levarmos em conta esse exemplo de Jesus, a Igreja será círculo de fraternidade, local de acolhida do diferente, espaço onde todos se sentirão a vontade para ser o que são família da qual ninguém será excluído.
Contudo, esse exemplo de Jesus encontra inúmeras resistências em nossa época. Ainda resta um caminho longo e difícil para a inclusão e a aceitação do diferente. Faz-se cada vez mais urgente voltarmos ao Evangelho e darmos atenção às palavras de Jesus.
Há grupos dentro da Igreja que querem impor um modo de ser Igreja bem diferente daquele que foi pensado e desejado por Jesus. São grupos autoritários que se definem como únicos conhecedores da essência do cristianismo e defensores da doutrina. No entanto, suas práticas de exclusão se chocam com o agir de Jesus, que se fez amigo de todos, não teve pretensões autoritárias nem mencionou ser o único conhecedor das palavras que ouviu do Pai, pois as partilhou com todos.
E o que Jesus teria ouvido do Pai? Ou melhor, qual seria a vontade do Pai que Jesus cumpriu e nos mandou observar? Na verdade, Jesus a sintetizou em poucas palavras: viver o mandamento que ele deixou, a saber: estar aberto e livre para amar concretamente. Se estivermos dispostos a isso, estaremos em sintonia com ele e, portanto em sintonia com o Pai.
Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj
(Graduada em Filosofia pela Universidade
Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade
Jesuíta de Filosia e Teologia (Faje – BH), onde
também cursou mestrado e doutorado em Teologia
Bíblica e lecionou por aluns anos.
Atualmente leciona na Faculdade Católica de Fortaleza.
É autora do livro: “Eis que faço nova todas as coisas” –
teologia apocaliptica -Paulinas)